Apenas 3,64% de repasse da inflação, foi essa a proposta de aumento, apresentada pelo Sinfiatec, aos trabalhadores do setor têxtil, na segunda reunião da Campanha Salarial 2018/2019, realizada ontem, 11 de setembro. Não bastasse oferecer somente o repasse da inflação, o sindicato patronal quer o fim da homologação da rescisão do contrato de trabalho no sindicato. A diretoria do Sititev recusou a oferta e fez uma contraproposta, de 5% de aumento e ampliação do piso para R$ 1.350,00; sem a retirada de nenhum dos direitos previstos na Convenção Coletiva. Uma nova reunião ficou marcada para o dia 3 de outubro, às 13h30, no auditório do Sindicato Patronal.
Para a presidente do Sititev, Zeli da Silva, a proposta do Sindicato Patronal é um desrespeito à pauta de reivindicações elaborada pelos trabalhadores. “Todas as reivindicações foram discutidas com os trabalhadores, em cinco assembleias, era um documento das necessidades apontadas pelos trabalhadores que relataram que sofrem com a cobrança de produção excessiva nas empresas. Eles trabalham até adoecer e se adoecem continuam trabalhando para não perder os prêmios; mas a diretoria do Sinfiatec não teve o mínimo de sensibilidade; apresentaram justificativas que não nos convenceram, porque não são reais, se há tanta cobrança por produção é porque estão vendendo e lucrando. Não há desculpas para não valorizar os trabalhadores”, defende Zeli.
Agora o Sititev se prepara para realizar um ato público e mobilizar toda a sociedade, considerando a importância do setor para a economia da região. “Precisamos nos mobilizar, não dá para aceitar que o sindicato patronal ofereça aos trabalhadores um salário defasado, enquanto os empresários foram presenteados com um projeto de lei que os isenta do ISS, com a Reforma Trabalhista e com a terceirização”, avalia Zeli.
Atualmente com um piso de R$ 1.236,00, a categoria teria um reajuste de pouco mais de R$ 40,00 se a proposta dos empresários fosse aceita. Somado a isso, a rescisão de contrato de trabalho não seria mais conferida no sindicato. “Não bastasse explorar dessa forma os trabalhadores, querem acabar com o último direito que eles têm de ir ao sindicato para ter suas rescisões, conferidas. Por que isso incomoda tanto o sindicato patronal? Temos uma série de empresários sérios que fazem questão de homologar a rescisão no sindicato, é uma garantia tanto para o trabalhador quanto para eles de que a legislação e a convenção coletiva está sendo cumprida”, questiona a presidente.
Durante a reunião o Sititev contou com o apoio de representantes da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fetiesc), de diretores e trabalhadores do setor.